
A Capela
A Capela
Estrutura arquitetónica simples com fachada simples com porta de verga recta e janela na parte superior com varanda em ferro. A fachada lateral, voltada a Norte, e preenchida com três janelas com balaustrada e de carácter pouco urbano, apresenta um interior pobre; orientada Este-Oeste, tem uma nave e altares laterais virados ao centro com imagens.
Ermida de características rurais, construída com pedras acumuladas na base das cruzes existentes num cemitério, localizado fora das muralhas, e que por um costume religioso eram lançadas pelos caminhantes invocando as almas e dizendo "seja por um Fiel de Deus". Foi assim construída esta ermida, dedicada às almas do Purgatório, em 1551, por Afonso Braz, tal como pode ler-se na lápide existente do lado esquerdo da entrada. Serviu de apoio e asilo às crianças desvalidas. Em 1690, por iniciativa do Padre Gil Lourenço, foi construída a capela, com um altar em talha dourada e paredes revestidas de silhares de azulejos, representando a Vida da Virgem, acima dos quais foram colocados quadros a óleo de Bento Coelho.
O terramoto de 1755 destruiu parcialmente a ermida.
Chegados ao séc. XX, vemos como a Capela da Senhora da
Ajuda e Santos Fiéis de Deus conseguira juntar importante
património, fruto da anexação das Irmandades que nela se
tinham estabelecido.
Em 1930, um período conturbado iria afectar novamente este
espaço. Nesse ano, morre o Reverendo António Carreira Ferreira
da Costa, Procurador da Mesa da Irmandade. Os restantes
membros da Mesa iniciaram diligências para que o
testamenteiro entregasse tudo o que estava na sua posse e
pertencesse ao Fiéis de Deus. Em Maio desse ano foram entregues alguns documentos e 98$50, mas dos paramentos,
alfaias litúricas e chaves, nem sinal... Sem se saber muito bem
como, em Junho, as chaves seriam entreges pelo Prior das
Mercês, Cónego Ayres Pacheco. No mês de Agosto a Irmandade
pondera convidar o Padre Marques Soares (novo Prior) para
capelão da Irmandade, mas por essa altura depara-se com um
grave problema: um grupo de devotas andava a pedir esmolas
para a devoção de Nossa Senhora da Fátima, que estava ao culto
na capela, alegando a criação de uma Arquiconfraria. No
entanto, nunca prestaram contas dos valores obtidos, nem sequer
entraram em conversações com a Irmandade sobre aquilo que
pretendiam. Não se sabe se por esta situação irregular, ou por
mais alguma agravante, em Novembro de 1930 o Patriarcado
ordena que o Prior consumisse todas as Partículas Sagradas
existentes no Sacrário, sendo proibido a partir daí, a qualquer
sacerdote, exercer o culto na capela. Durante dois anos a Mesa
da Irmandade viu frustradas as suas tentavias de reabrir a capela
ao culto, e só em 10 de Abril de 1933, com a nomeação de uma
Comissão Administrativa encabeçada pelo Padre Marques
Soares, é que foi retomado gradualmente o culto no local (1).
A partir desta época a Irmandade tem mantido de forma mais
ou menos regular a devoção às Almas do Purgatório e a Nossa
Senhora da Ajuda. Ainda hoje faz o "Mês de Maria" e daqui sai
no último Sábado de Maio a Procissão das Velas em honra de
Nossa Senhora da Fátima, que percorre algumas ruas do Bairro
Alto, Poço dos Negros e Santa Catarina, culminando na igreja
paroquial. Aqui se celebram de Setembro a Junho duas Missas semanais nas tardes de Terça e Sexta-Feira, às 17h00. Realiza
também a devoção dos "Primeiros Sábados". Nos últimos anos,
a festa de Nossa Senhora da Ajuda tem sido celebrada em
Novembro, o Mês das Almas, sempre com grande afluência de
fiéis, devotos, e dos poucos
ainda tem.
Irmãos que
proprietária da
Ainda hoje a Irmandade continua a ser a
capela, e apesar da escassez de irmãos, continua a ser mantido o
culto às Almas do Purgatório e a Nossa Senhora da Ajuda, muito
se devendo para isso o empenho e zelo do seu Juiz. A capelania
é assegurada pelo Prior de Santa Catarina, por estar o templo na
área da sua jurisdição. Sendo o actual Prior um "filho do
Bairro", muito se lhe deve também que esta casa permaneça
aberta e receba todos aqueles que ainda hoje, num Bairro Alto
tão cosmopolita, sentem necessidade de se encontrar com a
história, com a tradição e com a devoção...